Principais pontos:
- A taxa básica de juros do Brasil atingiu 13,75% ao ano, e os defensores da renda fixa ressurgem com força.
- Aswath Damodaran é um renomado especialista em Valuation que tem obsessão pela métrica “prêmio de risco da bolsa de valores” (equity risk premium – ERP).
- O prêmio de risco representa o retorno adicional que os investidores esperam obter ao transferir seu dinheiro da renda fixa para a renda variável.
- Há três maneiras básicas de estimar o prêmio de risco: pesquisas com os agentes do mercado, retorno histórico e retornos implícitos nos preços.
- O artigo “Is the Equity Risk Premium Compressed in Brazil?”, do Banco Central do Brasil, constatou que o ERP brasileiro foi de 0,9% ao ano entre 1996 e 2017, um valor baixo em comparação com outros países.
- Desde 2012, a taxa de juros variou, mas o prêmio de risco calculado nunca ultrapassou 4% ao ano, o que é baixo para os riscos da economia brasileira.
- É importante compreender que há diversas opções de mercados mais desenvolvidos e/ou que oferecem melhor remuneração para seu capital de risco, como nos Estados Unidos, onde o prêmio de risco foi de 4%.
A taxa básica de juros do Brasil, a Selic, atingiu 13,75% ao ano, e os defensores da renda fixa ressurgem com força.
Nas redes sociais, muitos comparam o retorno histórico do CDI em relação ao Ibovespa. É verdade que o resultado é evidente, mas essa análise é limitada e superficial.
Aswath Damodaran, renomado especialista em Valuation, escreveu um artigo em 2012, no qual revelou sua obsessão pela métrica “prêmio de risco da bolsa de valores” (equity risk premium – ERP). Para Damodaran, essa variável norteia todas as suas atividades como professor e investidor.
O prêmio de risco representa o retorno adicional que os investidores esperam obter ao transferir seu dinheiro da renda fixa para a renda variável. Em geral, há três maneiras básicas de estimar o prêmio de risco:
- Pesquisas com os agentes do mercado (exemplo clássico: “Onde você acha que o Ibovespa estará daqui a 5 anos?”);
- Retorno histórico (retorno acumulado da bolsa, descontando o componente de retorno acima da renda fixa);
- Retornos implícitos nos preços (fluxo de caixa, dividendos e recompra de ações).
Um investidor que se considera minimamente capacitado para avaliar o retorno da bolsa deve levar esse indicador em consideração.
O artigo “Is the Equity Risk Premium Compressed in Brazil?”, do Banco Central do Brasil, fez os cálculos e constatou que o ERP brasileiro foi de 0,9% ao ano entre 1996 e 2017. Esse valor é baixo em comparação com outros países.
No período de 1900 a 2016, o ERP médio anualizado calculado para uma amostra de 21 países foi de 4,9% ao ano, muito acima do valor encontrado para o Brasil.
O site Market-Risk-Premia calcula os ERP por país e mostra como o ERP do Brasil é extremamente baixo em comparação com os demais:
E quanto à evolução temporal do ERP brasileiro? Desde 2012, experimentamos diversos níveis de taxa de juros (linha verde), mas o prêmio de risco calculado (linha preta) nunca ultrapassou 4% ao ano, o que é bastante baixo para os riscos que a economia brasileira apresenta (como sabemos bem).
Então, como utilizar todas essas informações?
Com base nelas, você pode agora estabelecer uma métrica para comparar bolsas de valores ao redor do mundo. Além disso, é essencial compreender que há diversas opções de mercados mais desenvolvidos e/ou que oferecem melhor remuneração para seu capital de risco.
Por exemplo, nos Estados Unidos, o retorno médio do S&P foi de 9% ao ano nos últimos 100 anos, enquanto a renda fixa americana rendeu 5% ao ano. Logo, o prêmio de risco foi de 4%.
Esse resultado pode ser explicado pelo vigor da economia, alocação eficiente de capital e menor intervenção estatal.
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