Abril de 2023
Última Reunião do FOMC
Na quarta-feira 03/05, o Federal Open Market Committee (FOMC – Comitê do FED que define a política de juros dos EUA) reuniu-se mais uma vez para consolidar o que o mercado já esperava: o aumento de 0,25 pontos base na taxa de juro americano. Esse é um fato importante, pois, as atuais tendências nos mostram que atingimos o pico com esse movimento, consolidando o cenário que antecipamos nos últimos meses.
Volto a dizer o que eu disse anteriormente, graças ao amplo conjunto de dados macroeconômicos disponíveis, que já precificam todos os possíveis cenários de movimentos nos juros, mais importante do que a mudança (ou manutenção do patamar) são os discursos e posturas dos órgãos monetários. O que pude observar nesta última, foi uma conduta com o objetivo de acalmar os ânimos dos investidores, um tom que busca deixar os mercados em “banho maria”. O FED tem apresentado uma grande dualidade em seu discurso, sem descartar nem confirmar qualquer cenário especulado.
No entanto, é importante que a gente faça uma análise do histórico das narrativas adotadas pela instituição. Nesse âmbito, num passado recente, nós saímos de uma inflação transitória devido à pandemia para um combate ferrenho à inflação que se consolidou em níveis muito altos.
E sob essa ótica compartilho 2 análises :
- Toda a narrativa de que cortes de juros não estão previstos no horizonte começa a perder força gradativamente. Durante muito tempo, Jerome Powell manteve o tom de que aumentaria ainda mais a taxa caso necessário. Já em seu último discurso, ele disse que ainda não enxerga sentido em cortar os juros. Essa singela mudança de “nós vamos aumentar ainda mais” para “ainda não é o momento de cortar” nos dá indícios que podemos presenciar essa atitude em breve, ainda mais com as fortes consequências do aperto no crédito. Que por sinal, o discurso do banco central também teve uma pequena mudança nesse sentido. O discurso saiu de “um provável aperto no crédito” para um cenário que já se materializou.
- O banco central americano tem sido enfático em relação à crise bancária, com uma postura bem otimista sobre o problema. E isso é muito importante para que a confiança do sistema não seja abalada, o que traria graves consequências. Mas essa narrativa deixa a entender que o problema acabou, o que não é condizente com a realidade.
Desde a última carta escrita até hoje, não tivemos nenhuma alteração significativa de cenário ou algum evento com capacidade de mudar os rumos da economia. Até agora, não tivemos nenhum outro grave desdobramento em relação ao problema dos bancos, ou seja, nenhum outro banco quebrou até o momento que escrevo essa carta. O que é um indício de que o FED foi eficiente em frear o problema. Mas, como disse logo acima, isso não quer dizer que o problema foi resolvido por completo, pelo contrário, vários bancos menores ainda estão em situações perigosas e é possível que novos desdobramentos aconteçam. Um exemplo é o First Republic Bank, que notavelmente está em apuros. E é uma situação que já é de amplo conhecimento para o mercado. De toda sorte, reforço nosso posicionamento de que nós não temos exposição a esses bancos.
O dólar vai colapsar?
Uma narrativa que tem ganhado bastante força nos últimos dias foi o colapso do dólar e uma possível substituição da moeda como principal reserva global.
Sobre esse assunto trago alguns pontos:
- As principais reservas internacionais do mundo ainda são em dólares, ela figura na casa dos 60%, ou seja, uma forte contribuição. Os bancos centrais também fazem parte das suas reservas em euro, em torno de 10%. Já a China (apontada como principal “rival” dos EUA) participa com menos de 3%. Ou seja, apesar da recente venda de dólares principalmente por parte da China e da Rússia, a moeda ainda possui uma forte presença ao redor do mundo. Esse é um cenário que exige décadas para reverter.
- Os principais bancos centrais, incluindo o Banco Central Europeu, o Banco do Japão e o Banco da Inglaterra, mantêm uma proporção significativa de suas reservas em dólares. Por exemplo, em 2020, o Banco Central Europeu tinha cerca de 55% de suas reservas denominadas em dólar.
- Outro fator a considerar é que o dólar é amplamente utilizado nas transações comerciais internacionais. A moeda americana ainda é a mais adotada nesse tipo de transação, demonstrando sua predominância no comércio global, de acordo com o relatório do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) de 2022, cerca de 63% das transações globais são realizadas em dólares americanos, enquanto o euro representa aproximadamente 20% e o restante é dividido entre outras moedas.
- Papel do dólar no mercado de títulos: O mercado de títulos denominados em dólar é o maior e mais líquido do mundo. Estima-se que mais de 60% dos títulos internacionais emitidos tenham o dólar como moeda base. Isso indica a confiança dos investidores em utilizar o dólar como uma reserva de valor estável e confiável.
- O dólar detém o status de moeda refúgio em momentos de instabilidade. Sendo assim, quando os investidores temem o que pode acontecer, eles tendem a fazer um movimento de dolarização. Isso ocorre devido à percepção de que o dólar é uma moeda estável e segura. A credibilidade que os EUA possuem perante ao mundo é o principal motor desse movimento.
Quando olhamos para o nosso passado, podemos observar que mudanças estruturais no sistema monetário internacional ocorreram, a principal moeda do mundo já transitou entre alguns países. Esse processo de mudança foi algo que sempre demorou décadas, e mesmo assim, os grandes países que foram substituídos, permaneceram como grandes potências mundiais.
Esse é o principal ponto do ByeBnk. Nós entendemos que, mesmo que em um cenário distante, caso o dólar e os EUA percam o seu domínio global, a economia do país permanecerá muito sólida. Lá existe um mercado composto por diversas empresas e negócios sólidos que não serão destruídos. A estrutura produtiva do país, bem como o comportamento da sociedade, apresentam tendências muito otimistas frente ao Brasil e não temos a menor perspectiva de reversão desse cenário, e isso é o que realmente importa para nós.
Resultados do Advisor Investing
Toda a nossa análise de mercado se baseia nos ciclos econômicos, nos diferentes comportamentos de cada classe de ativos durante as etapas. Nossa leitura se mostra cada vez mais eficiente pois, assim como previsto, não temos nenhum motivo concreto para fazer qualquer alteração em nossas posições. Isso não quer dizer que nós não estamos fazendo nada, muito pelo contrário: Continuamos acompanhando minuciosamente o comportamento do mercado e seguimos firmes em relação à nossa postura de paciência.
O cenário continua muito desafiador e a tendência é que os desafios continuem a aparecer à medida que o tempo passe. A principal questão do momento é que qualquer postura, seja ela pessimista ou otimista, encontrará argumentos suficientes para reforçar a sua posição. Esse é um ponto muito positivo para nossa estratégia, pois nós estamos preparados para qualquer um dos lados que se consolidar.
O cenário é tão complexo, que a divergência em relação ao que pode acontecer aparece até mesmo nas análises dos grandes bancos ao redor do mundo. Enquanto uns adotam um tom bem otimista para o futuro, outros adotam um tom mais cauteloso e defensivo.
Nossos resultados continuam altamente satisfatórios, nós seguimos com êxito em entregar para os nossos clientes um resultado que acompanha o desempenho do mercado, mas, com menos risco.
Considerações finais
A análise de indicadores é muito importante e acompanhamos de perto diversos deles, em especial a taxa de juros. Ela é o principal motor e balizadora da economia. No momento, o mercado aponta uma tendência de queda dos juros na reta final do ano. E a materialização desse cenário só será possível com um cenário de controle da taxa de inflação e, no momento, temos indicadores suficientes para acreditar nessa possibilidade. O mercado acionário que está sempre tentando antecipar as tendências e se anima bastante com essa possibilidade. Por um outro lado, a última fala de Jerome Powell freou essas expectativas.
De toda forma, seguimos trabalhando nem tão ao céu e nem tanto ao inferno. Se por um lado os mercados se animam com a possibilidade dos cortes, as taxas de juros em seu nível atual têm implicações adversas significativas para a economia real (é importante reconhecer que a adoção dessa medida foi necessária para controlar a inflação. Dados recentes nos mostram que essa abordagem está funcionando). Especificamente, elas afetam negativamente as condições de crédito e aumentam o custo de capital, o que pode comprometer a eficiência das empresas e reduzir o poder de compra da população. Como resultado, espera-se que o crescimento econômico seja impactado negativamente.
Em nossa Carteira Advisor nós nos beneficiamos dos juros altos com a nossa posição em Bonds. Também estamos posicionados no mercado acionário para acompanhar a tendência. Em um horizonte de longo prazo, nós temos as carteiras de REITs e Commodities, estão posicionadas para se beneficiar do crescimento da economia real. A posição em criptomoedas tem se mostrado um verdadeiro trunfo, com uma valorização de mais de 70% até o momento em 2023.
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