O Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtorno de ansiedade do mundo, mas será que isso impacta nos seus investimentos? Com certeza. Uma pesquisa recente da Universidade de São Paulo, mostra que em uma lista de onze países, o Brasil lidera com mais casos de ansiedade (63%). Quando falamos em ansiedade nos investimentos, as características principais são necessidade de resultado imediato e pensamento apenas no curto prazo, que levam as pessoas a tomarem as piores decisões financeiras.
Planejar os seus investimentos pensando a longo prazo, significa ganhar mais tempo para fazer o seu dinheiro trabalhar a seu favor. Por exemplo, se aplicar R$10.000 em um ano, com um rendimento de 10%, seu retorno será de R$1.000. No próximo ano, se tiver o mesmo rendimento, seu retorno será de R$1.100. Ao continuar essas aplicações, é possível fazer com que os juros compostos trabalhem a seu favor, tendo o famoso “efeito bola de nove“. É nesse ponto que investir começa a ficar interessante, ao pensar a longo prazo têm mais chances de chegar nos seus objetivos de forma consistente.
É importante esclarecer que quando falamos em curto prazo, é um período de até 1 ano, médio prazo de até 5 anos e longo prazo mais de 5 anos. Ao começar seu planejamento financeiro, primeiramente defina qual o seu objetivo a longo prazo, para depois começar a pensar qual investimento se encaixa melhor nesses objetivos. Seja esse investimento considerado mais seguro ou de risco, é essencial ter em mente que irá resgatar sua aplicação em 5 anos ou mais e para investimentos mais voláteis esse pensamento é ainda mais necessário. Quando falamos desse tipo de ativo, como ações e criptomoedas, mesmo que existam diversas análises e previsões, a verdade é que ninguém realmente sabe o que vai acontecer nos próximos dias, meses ou anos. A partir do momento em que aplica seu patrimônio em um investimento tão volátil, com a intenção de resgatar esse dinheiro a curto prazo, você pode ter perdas significativas no seu capital.
Vamos analisar a frase de Benjamin Graham, que foi professor, chefe e mentor de um dos maiores investidores do mundo, Warren Buffet. “O acionista não deve se preocupar com flutuações de preço, visto que o mercado se comporta como uma máquina de votos no curto prazo, mas no longo prazo, age como uma balança”; no longo prazo, os fundamentos prevalecem. É preciso escolher os ativos, não apenas com base em seu preço e expectativas de curto prazo, mas sim com base em seus valores e fundamentos.
A alguns dias finalizei a leitura do livro Axiomas de Zurique, é uma leitura rápida e dinâmica, para quem tem interesse em entender mais sobre riscos e como administrá-los. Logo no primeiro grande axioma, do risco, o autor Max Gunther trata sobre não ter medo de arriscar quando se tem objetivos financeiros muito ambiciosos. Para ilustrar melhor, Max conta a história de duas jovens, formadas pela mesma universidade, que resolveram buscar juntas as suas fortunas. Foram para Wall Street e trabalharam numa série de empregos. Acabaram ambas como funcionárias da E. F. Hutton, renomada corretora na época. Foi assim que conheceram Gerald M. Loeb, falecido há alguns anos, um dos mais respeitados assessores de investimentos do mercado. Loeb pode acompanhar a trajetória das jovens Sylvia e Mary, que o buscavam para conselhos financeiros.
Em termos financeiros, a ambição de Sylvia era encontrar o abrigo da segurança absoluta. Mary, por seu lado, aceitava certos riscos, esperando fazer crescer o seu capitalzinho de forma mais significativa. Levaram adiante suas respectivas estratégias. Um ano depois, Sylvia tinha o seu capital intacto, os juros e uma gostosa sensação de segurança. Mary andava bem prejudicada, tomou uma coça num mercado tumultuado. Desde a compra inicial, suas ações caíram cerca de 25%, mas ela permanecia animada, sempre bem ambiciosa e se mantinha consistente em suas estratégias.
Cerca de 20 anos depois, Sylvia tinha posto todas as suas economias em poupança, CDBs, títulos públicos isentos de impostos e outros abrigos “seguros”, ela organizou sua vida financeira em torno do salário como sustentação principal e vivia de forma confortável, de acordo com suas ambições. Quanto a Mary, conseguiu ter um crescimento considerável de seu patrimônio. Como qualquer um que não seja maluco, ela sempre se preocupou com a segurança do seu capital, mas jamais permitiu que essa preocupação estivesse acima da sua filosofia financeira. Assumiu riscos. É proprietária de uma casa, um apartamento na cidade e passa boa parte do tempo viajando. É verdade que, ao longo dos anos, os assuntos financeiros deram muitas preocupações a Mary; provavelmente, preocupações bem maiores do que Sylvia jamais conheceu.
Fica muito claro que se não estiver disposto a correr grandes riscos, também não terá ganhos exorbitantes, mas é o suficiente se pretende apenas preservar seu patrimônio.
O que gostaria que absorvesse dessa história é que, independente da tese de investimentos que faz mais sentido para você, apenas com consistência e clareza em seus objetivos é que poderá ter sucesso ao organizar sua vida financeira.
Valentina Gomes,
engenharia de produção, pela PUC-MG,
é produtora de conteúdo na byebnk
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