Uma pesquisa recente do Proteste, mostrou que, mais da metade da população brasileira, estava “muito” ou “um pouco” endividada em abril deste ano. E, com tantas pessoas com a conta bancária no vermelho, o normal seria que pensássemos muito bem antes de qualquer compra ou novo endividamento, certo? Mas outro levantamento, este da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e do SPC Brasil, em parceria com o Sebrae, mostra que 44% das compras realizadas pela internet no Brasil são feitas por impulso.
Então, o que justifica esses dois comportamentos aparentemente contraditórios? A explicação para esse e outros hábitos de consumo é o tema de um campo de estudo relativamente novo, chamado Economia Comportamental. Já ouviu falar? Então, leia mais. Entender sobre este assunto pode trazer ótimos resultados também para seus investimentos.
Criada oficialmente na década de 1970, a Economia Comportamental busca compreender as motivações por trás das atitudes do ser humano. Para isso, une o estudo tradicional da economia com elementos de psicologia, neurociência e ciências sociais, entre outros, mostrando que a maioria das ações humanas está pautada em emoções, hábitos e outras experiências.
Apesar de à primeira vista parecer algo complexo, a economia comportamental tem enormes aplicações práticas e pode ser observada em atitudes simples do nosso dia a dia. Por exemplo: a busca por recompensas imediatas retratada nas compras por impulso, a aquisição de itens desnecessários só porque estavam em promoção e dívidas parceladas no cartão de crédito maiores do que o orçamento permite: tudo isso mostra o nosso emocional se sobrepondo ao racional, o desejo por satisfação momentânea em vez de um bom planejamento financeiro.
Outro ponto é que, mesmo consideradas irracionais (feitas de forma inconsciente), essas decisões são previsíveis, já que possuem basicamente as mesmas características e buscam os mesmos resultados. Muitas empresas já perceberam estes padrões e estão a todo momento fazendo pequenas alterações em seus produtos e na forma de comunicá-los, buscando acionar os diferentes gatilhos que nos levam ao consumo.
Entender como nosso subconsciente influencia nossas decisões é um primeiro passo para fazermos escolhas melhores. Por isso, veja abaixo exemplos de como a economia comportamental pode ser aplicada em investimentos:
- Comportamento de manada: quando criança, você provavelmente já ouviu a frase “mas você não é todo mundo” sempre que pedia para fazer alguma coisa que “todo mundo” estava fazendo. Este comportamento de manada, de se sentir seguro por fazer parte de um grupo, é talvez o mais comum de todos, continua mesmo na fase adulta e pode ser reproduzido nos investimentos. Um exemplo é que, quando muitas pessoas decidem comprar uma ação, mais investidores são atraídos e seus preços sobem. Já quando muitos decidem vender ao mesmo tempo, a maioria se assusta e vende por valores muito baixos. Mas será que essa seria mesmo a melhor atitude naquele momento? Por vezes, ir contra a maré e comprar quando todos estão vendendo pode ser uma ótima oportunidade de negócio. Analisar o cenário de forma mais racional e menos no impulso podem te ajudar nesta decisão.
- Viés da disponibilidade: heurísticas ou vieses são atalhos mentais criados pelos seres humanos baseados em exemplos rápidos de associação. Dentro da economia comportamental, esses vieses servem para embasar alguma decisão, mas que, por se tratar somente da memória, não são confiáveis e podem levar para caminhos errados. Um dos primeiros exemplos de vieses é o da disposição, segundo o qual o nosso cérebro pensa “se tal fato já aconteceu, pode ser que aconteça novamente”, ou seja, seria como acreditar que alguma coisa estará sempre à disposição. Como exemplo prático, isso valeria para a cotação de determinadas ações que um dia estiveram com um valor muito bom, mas caíram e, sem qualquer indício real que isso volte a acontecer, você continua esperando que se repita. Reflita bem e, se esse for o seu caso, pense em colocar dinheiro e energia em outra área.
- Viés da ancoragem: complementando a disponibilidade, o viés da ancoragem, como o próprio nome diz, trata de colocar uma âncora, um ponto de referência, de segurança, baseada em uma informação prévia e não mexer nunca mais nele. Isso acontece, por exemplo, se você decidiu comprar determinados ativos porque, após uma análise minuciosa, tinha certeza de que seria um bom negócio. O valor de compra pode então ser colocado como uma referência, mas se por algum motivo isso não deu certo, os ativos não tiveram o desempenho esperado, o viés da âncora nos lembra de tomar cuidado para não deixar a âncora fixada e continuar esperando para sempre, perdendo ainda mais dinheiro com isso.
- Otimismo e confiança exagerados: esses dois comportamentos, apesar de diferentes, dizem respeito à mesma coisa: confiar demais e fechar os olhos ou ignorar os riscos e sinais negativos. Os dois casos estão muito ligados à inexperiência, mas enquanto o otimista demais acredita que tudo vai dar certo, talvez por não entender os sinais contrários, o confiante ao extremo (no qual se enquadram muitos investidores iniciantes, que tiveram sucessos momentâneos) nem sequer se dá ao trabalho de olhar o que pode dar errado. Otimismo e confiança são importantes, mas ignorar os problemas é perigoso e não vai fazê-los desaparecer.
- Viés da confirmação: este último é bem sutil e apoia os vieses de otimismo e de confiança exagerados. Ele acontece quando, inconscientemente queremos tanto seguir em determinado caminho ou tomar determinada atitude que só damos atenção aos argumentos que concordem com nossa posição, ignorando tudo o que for contrário. Às vezes, até podemos acreditar que estamos considerando todos os pontos e ouvindo todos os lados, mas simplesmente não damos o devido valor para o que difere do nosso desejo. Com isso, nos atrapalhamos.
Estes são alguns dos comportamentos dos seres humanos e que podem ter impactos nos investimentos.
Se identificou em algum deles? Se sim, uma boa técnica para diminuir os efeitos do emocional em suas decisões é fazer uma análise racional dos seus investimentos. Lista de prós e contras, histórico dos ativos, perspectivas futuras, conversas com especialistas, tudo isso pode te ajudar tomar decisões mais embasadas, sabendo dos riscos, mas buscando maximizar seus lucros.
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