O acentuado aperto na política monetária global aumentou o risco de recessão? Essa é a principal questão enfrentada por muitos investidores.
Com a inflação em alta ao redor do mundo – até mesmo acima de 10% em vários países – os bancos centrais tiveram pouca escolha senão endurecer drasticamente a política monetária. A elevação das taxas de juros em vários pontos percentuais em 12 meses torna o aperto atual dramático, se não sem precedentes, pelos padrões da história econômica moderna.
As taxas de juros mais altas visam desacelerar o crescimento da demanda, buscando um equilíbrio mais adequado entre oferta e demanda de bens e serviços. Como o efeito máximo do aperto monetário na demanda é sentido com um atraso de talvez três a seis trimestres, é inerentemente difícil para os bancos centrais calibrar o quanto aumentar as taxas de juros. Diante dos grandes aumentos nas taxas, o risco de que os bancos centrais tenham exagerado, causando uma recessão profunda, é evidente.
Para avaliar esse risco, é útil examinar o comportamento dos Indicadores Líderes (IL). A OCDE calcula indicadores líderes para várias economias avançadas e emergentes (ver abaixo). Esses indicadores têm média de 100 e antecipam o crescimento do PIB anual em um período de 6 a 9 meses; valores acima de 100 indicam expansão esperada e valores abaixo de 100 apontam para contração esperada.
Os gráficos mostram que, no final de 2021, as economias ainda estavam em expansão após a reabertura pós-pandemia de Covid-19. A partir do início de 2022, contudo, a taxa de expansão diminuiu e, no verão de 2022, muitos indicadores líderes já estavam bem abaixo de 100, sinalizando contração esperada.
Em várias economias avançadas – com a notável exceção dos Estados Unidos – os indicadores líderes se aproximaram de 100 na segunda metade de 2022. Entre as economias emergentes, a situação é oposta: exceto na China, que se beneficia do impulso resultante de sua recente reabertura pós-Covid-19, os indicadores líderes caíram ainda mais abaixo de 100.
Ao tirar conclusões desses gráficos, deve-se lembrar que, em muitos casos, a maior parte do aperto monetário ocorreu na segunda metade de 2022. Segundo os indicadores líderes da OCDE, espera-se que a maioria dos países enfrente uma desaceleração do crescimento econômico à medida que 2023 avança, e há um risco maior de recessão. No entanto, os indicadores sugerem que qualquer desaceleração será muito menos acentuada do que durante a Crise Financeira Global. Além disso, a recentalta nos ILs de muitas economias avançadas indica que qualquer deterioração macroeconômica deve ser de curta duração.
Em resumo, o aperto da política monetária e o aumento das taxas de juros em todo o mundo levantam preocupações sobre a possibilidade de uma recessão. Os indicadores líderes da OCDE mostram sinais de desaceleração do crescimento econômico, com um risco maior de recessão em 2023. No entanto, a análise também sugere que essa desaceleração pode ser menos severa do que em crises anteriores e que a recuperação pode ocorrer em um prazo relativamente curto, especialmente nas economias avançadas.
Investidores e formuladores de políticas devem, portanto, acompanhar de perto a evolução dos indicadores líderes e estar preparados para ajustar suas estratégias conforme necessário. Embora os desafios atuais sejam significativos, a experiência passada e a análise dos indicadores líderes sugerem que as economias podem se ajustar e se recuperar ao longo do tempo.
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